Na seção Viagens Militantes, quero mostrar um dos melhores momentos da minha vida, pessoal e profissional. Foi quando conheci a mítica escola de Summerhill, no sul da Inglaterra, fundada em 1921 pelo educador escocês Alexander Sutherland Neill
(1883-1973), considerado um pai da Pedagogia Libertária do século XX!
Filho de um mestre-escola, Neill formou-se em literatura
inglesa; trabalhou em fábricas desde os 14 anos; foi jornalista e
editor de livros. Foi diretor de uma escola primária no sul da
Escócia, onde começou a aplicar seus preceitos libertários. Em
agosto de 1921, fundou a sua primeira escola: International School.
As dificuldades do pós-guerra fizeram com que a instituição
mudasse de sede várias vezes, até estabelecer, em 1927, a
Summerhill School, em Leiston, a 160 quilômetros a leste de Londres, onde
funciona até hoje.
As
discussões do campo da Psicologia no início do século 20 exerceram
forte influência sobre Neill, em especial através de Wilhelm Reich
(1897-1957), que foi seu analista. De acordo com Neill, a educação
deveria lidar com a dimensão emocional do aluno e acreditava que a
convivência com os pais impedia os filhos de desenvolverem a
autonomia e a segurança para conhecer o mundo. Por isso, os alunos
tinham (e têm ainda hoje) de morar em Summerhill, recebendo a visita
dos pais apenas nos períodos de férias. Alexander Neill afirmava
que a
educação
das crianças, feita de condicionamentos (horários, alimentos,
higiene) negava a sua natureza, que é livre e a educação faz
corpos rígidos, entorpecidos, chegando o mundo adulto permitir que
as crianças fossem surradas, “tratando-as
como cãozinhos obedientes”.
Estivemos em Summerhill no início de 2010, para uma visita guiada. Muitas pessoas se interessam pela escola, que mantem quase 200 alunos, que ficam em regime de internato. Tem alunos de todo o mundo (e muitos japoneses, que fogem da educação rígida daquela país). Os alunos têm idade entre 12 a 17 anos (o que seria nosso Fundamental 2 e Ensino Médio). Um grupo de alunos levou a gente para conhecer a escola. A organização é a seguinte: todo o bimestre os alunos escolhem conteúdos que são oferecidos pelos professores e organizam seus horários, sua própria trajetória acadêmica. Tem todas as disciplinas "clássicas"; o que realmente muda é a possibilidade de escolha do momento em que vai estudar. Um professor-tutor se ocupa de um grupo de alunos e acompanha as escolhas, pois eles devem vencer todas as matérias. O local mais frequentado da escola é a marcenaria. Não tem salas de aulas convencionais, mas salas ambientes. A sala da área da linguagem é de matar de linda, com sofás, estantes de livros, pufs e toda a alegria de ler! Na sala de refeições tem um piano e quem quiser tocar no momento do almoço e lanches, fica bem á vontade. Sempre tem um aluno ou professor tocando.
Faço uma grande crítica à Summerhill: o fato dos alunos não morarem em suas casas, com seus pais, mães, irmãs, irmãos e outros familiares. Para mim isto é um erro, pois os alunos perdem muito sem esta convivência. De toda forma, morar sozinho faz parte dos pressupostos de autonomia da escola.
Fiquei muito feliz em conhecer Summerhill. Tenho certeza hoje que devemos recuperar os educadores libertários, que apostaram na autonomia, na responsabilidade, na liberdade dos alunos, não em discursos ou para um futuro distante que virá com a "Grande Revolução". Estes educadores apostaram na importância do professor como um mediador, alguém que detém um conhecimento e que transforma esse conhecimento em prazer e não num fardo sem significado que resulta numa prova no final do bimestre. Temo que a "esquerda clássica" educacional tenha dado as costas para a Pedagogia Libertária, jogando a criança com a água do banho. Perdemos muito. Ainda bem que Summerhill resiste, para que ninguém se esqueça dos libertários em educação!
Fiquei muito feliz em conhecer Summerhill. Tenho certeza hoje que devemos recuperar os educadores libertários, que apostaram na autonomia, na responsabilidade, na liberdade dos alunos, não em discursos ou para um futuro distante que virá com a "Grande Revolução". Estes educadores apostaram na importância do professor como um mediador, alguém que detém um conhecimento e que transforma esse conhecimento em prazer e não num fardo sem significado que resulta numa prova no final do bimestre. Temo que a "esquerda clássica" educacional tenha dado as costas para a Pedagogia Libertária, jogando a criança com a água do banho. Perdemos muito. Ainda bem que Summerhill resiste, para que ninguém se esqueça dos libertários em educação!









Como é a inclusão de alunos especiais em summerhill?
ResponderBorrarPor exemplo : Uma criança autista